Poe Philipe Rabelo (Brasil) – Jornalista Jovem AIPS América
LIMA, Peru, 5 de agosto de 2019.- Com a medalha de bronze no peito e o pensamento um pouco distante, o ciclista João Vitor Silva aproveitou toda a cerimônia de premiação, mas parecia sentir falta de algo. O atleta de 22 anos estava com saudades do filho João Marcelo, que nasceu há dois meses. «Está sendo terrível ficar longe dele, mas isso faz parte, vamos seguindo e na próxima semana já vou ficar com ele», disse.
João Vitor começou no ciclismo de estrada com 12 anos, porque o pai também praticava o esporte. Em 2013 foi campeão brasileiro da categoria de base pela primeira vez, o que se repetiu nos dois anos seguintes. Em 2017 o atleta realizou o sonho de infância e entrou na seleção brasileira na competição panamericana, que ocorreu em Trinidad e Tobago.
Flavio, João e Kassio – a equipe do ciclismo brasileiro. João exibe o prêmio para a torcida. João Vitor Silva no Velodromo de Lima. Joao recebe medalha de bronze.
«Aquela competição foi uma realização. Eu queria ser da seleção e lá foi incrível, ainda que tenhamos ficado com a sexta posição. Eu tenho muito orgulho de ter estado naquele campeonato» lembrou.
João Vitor se lembra de quando ainda estava no colégio e tentava matar aulas para chegar mais cedo aos treinos de ciclismo. Depois que terminou os estudos ficou 5 anos vivendo o esporte intensamente e em 2018 começou a faculdade de educação física. Hoje a rotina do atleta, que vive em Maringá (PR), se divide entre a os treinos, a faculdade e a família. «tudo é meio corrido. Eu treino musculação e pedal de manhã, à tarde treino no velódromo e à noite assisto às aulas da faculdade pelo computador de casa.», revelou.
O atleta explica que a modalidade na qual compete exige muito força e potência, porque as provas são medidas por tempo. «tudo é muito rápido e as marchas são altas. Fazemos muito esforço, mas tem que ser tudo muito veloz, por isso tantas horas de musculação», explicou.
Os ciclistas chegam a 70 Km/h nas provas no velódromo. Questionado sobre o que mais o atrai no esporte, João Vitor é categórico ao afirmar que o esporte é o mais bonito e emocionante «aqui tem tudo, além do velódromo ser bonito, colorido, com formas e curvas, as competições são em altas velocidades e têm muita adrenalina. Até os tombos fazem parte», opinou o atleta, que quando pequeno assistia o DVD das competições de ciclismo Tour de France por horas.
Mais do que uma paixão, o ciclismo é um assunto recorrente na família de João Vitor. Além do pai que o levou para o esporte, a esposa do atleta também é ciclista. Ana Paula Casetta, de 23 anos e João Vitor se conheceram em uma competição há cerca de 2 anos. «Mas foi no ano passado que a gente ficou mais firme, me mudei para Maringá, onde ela mora. O nosso filho foi a melhor surpresa da minha vida, os avós estão em festa com o netinho», disse.
O sonho de João Vitor é que daqui uns anos, outro João esteja nos pódios representando a seleção brasileira de ciclismo. «O ciclismo é a minha paixão e eu quero que meu filho siga isso. Quero ser o treinador dele e quero que ele seja melhor do que eu, porque o esporte é um ótimo caminho para se seguir», afirmou.